Então tá. Velhinhos.
Ora, não é toda hora que podemos nos transportar no tempo e reviver discussões tão antigas como essa de par místico sociologia - arquitetura.
Muitos vão dizer: Veja bem, a arquitetura interfere [ ou cria ] em nosso cotidiano, desenha espaços urbanos e edificados, públicos e privados, se impõe de uma forma quem sabe demasiadamente perene, que tem mesmo que ser tratada como sociologia. Tem ?
E a sociologia e a medicina ? Sociologia e economia ? Sociologia e Administração ? Sociologia e ...
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Dá prá pegar qualquer par de assuntos nesse mundão e achar associações importantes, essenciais, quintessenciais, místicas, racionais, emocionais, o que for. Assim é que se constróem nossos curriculos universitários monstruosos: livre associação.
Assim é que qualquer professor ou professorzinho conclui, depois d'algum tempo, que sua cadeira é central para a correta compreensão das coisas. Assim é que, na falta de um projeto [ entenda-se projeto como o conjunto necessidades-objetivos-meios-planos ] desintegramos alguns assuntos em dezenas de assuntinhos [ matérias-cadeiras-disciplinas ] num processo que parece analítico, mas é um processo de desmembramento, apenas.
Depois, saimos correndo atrás de integrações.
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Antes de voltar ao meu amigo Oscar. Tá havendo uma discussão enorme, embora de bastidor, sobre a criação da Ancinave, a substituir o Ancine. Trata-se de uma agencia reguladora, normatizadora, gestora e o que mais, das atividades de cinema e tv. Outra história de antanho, como dizia o Jabor. Depois de cinqüenta anos, continuamos a discutir os mesmos assuntos. estranho paralelo com a arquitetura e nosso amigo Oscar.
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Todos conhecemos o Farias, cineasta que, antes da adesão ao Cinema Novo, realizou Assalto ao Trem Pagador, um dos filmes mais notáveis. Isso basta para situar sua produção inteira no mesmo nível ?
Ora, Oscar realizou edifícios interessantíssimos, como o Copan. Não pela forma ondulada, mas pela ordenação de seus espaços [ há quem prefira ambientes ou compartimentos ], circulações, implantação inteligente em se considerando a massa de edifícios que o cercaria. A própria forma pode ser considerada menos pelos aspectos plásticos e mais pelo feliz resultado dos recuos generosos e sua consequente insolação e ventilação.
Seria razoável projetá-lo assim hoje ?
Suas escadarias oferecem a devida proteção em incêndios ?
Seu zoneamento misto [ vários padrões econômicos ] é viável ou reflete uma postura ideológica ?
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Sua obra é, então, inconteste ?
Podemos deixar essa pergunta de lado, se nosso gosto pessoal se afina ou não com suas obras ?
Será possível, ao menos entre arquitetos, que se discuta os edifícios e não a pessoa ?
Será que, exercitando uma separação entre a crítica arquitetônica e a crítica de costumes, venhamos a contribuir para a educação de nossos [ públicos-clientelas-usuários-alunos ] ?
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A diferença entre um filme e um edifício, ou uma cidade, é que um filme sempre pode ser retirado de cartaz. Um edifício, bem...
quinta-feira, dezembro 16, 2004
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