Cildo Meireles desiste de participar da Bienal de SP
A saída do artista foi motivada pela permanência e reeleição do banqueiro Edemar Cid Ferreira no conselho deliberativo da Fundação Bienal
Camila Molina
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SÃO PAULO - Em protesto pela permanência e reeleição do banqueiro Edemar Cid Ferreira no conselho deliberativo da Fundação Bienal de São Paulo, o artista carioca Cildo Meireles afirmou que não participará da 27.ª Bienal de São Paulo, que ocorrerá entre 7 de outubro e 17 de dezembro. Ele considera a permanência de Ferreira, ex-controlador do Banco Santos e preso em São Paulo por suspeita de gestão fraudulenta, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro, um "continuísmo nefasto".
"Não tem nada a ver com a curadoria da mostra, mas enquanto essa situação acontecer, me sinto desconfortável", afirmou Cildo Meireles. Segundo o artista, o conselho da Fundação Bienal de São Paulo "ou agiu com ingenuidade cultural ou foi mal-intencionado mesmo" ao permitir a reeleição de Ferreira.
"Mas isso é problema deles, não quero conviver com esse tipo de situação", diz Cildo Meireles. Desde quinta-feira, quando foi divulgada a lista com os 121 artistas selecionados pela curadoria da 27ª Bienal de São Paulo (assinada por Lisette Lagnado), Cildo Meireles, um dos escolhidos, declarou que pensaria sobre sua participação no evento. "Esperei que tivesse um desdobramento sobre essa situação e pergunto agora qual a responsabilidade que esse conselho tem com a história da Bienal de São Paulo", disse o artista.
Nascido em 1948, Cildo Meireles é um dos principais nomes da arte contemporânea brasileira. Entre as mostras do porte da Bienal de São Paulo, Cildo foi destaque ultimamente em 2002, na 11.ª Documenta de Kassel, na Alemanha, e na 50.ª Bienal de Veneza, em 2003. Sua última participação na Bienal de São Paulo foi em 1998, na 24.ª edição do evento.
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