Como parte das ações que planejei para retornar à profissão, depois de anos de exílio acadêmico, imaginei reativar o site arquitetos.com. Para isso, deveria preparar imagens de antigos projetos, fotografar os que estivem em estado razoável e, finalmente, incluir um "diário de obra" da casa que estou construindo. O diário deveria ter tanto os desenhos e modelagens 3d do projeto, como um gantt chart das etapas da obra, linkado às fotos do canteiro.
Ahn-hã. Tá bom.
Fácil falar, mas o canteiro está um salceiro, uma muvuca completamente atrapalhada. Depois de quatro semanas cavando e concretando as 89 strauss, debaixo de muita chuva, o lamaçal impera.
Tenho material "depositado" no terreno vizinho, cedido por uma amiga arquiteta ( estou cercado dessa espécie, aparentemente. Não sei onde vou achar clientes com tantos arquitetos à minha volta ! ).
Ontem concretamos os blocos de ligação das estacas e os baldrames do primeiro nível. 18 m³ !
Bomba d'água, vibrador, girico... Acho que pulei essa parte quando fiz a fau. Acho que pulei muitas outras também. Mas, de novo e novamente, volto ao problema da formação dos arquitetos.
Insistimos nas escolas em que os alunos vejam tudo, de tudo um pouco, de pouco um tudo.
Você segmenta sistemas estruturais em cálculo, estudo das tensões, materiais, estabilidade das construções. Algumas dessas são subsegmentadas em Concreto, aço, madeira, materiais tensionávels... Acho que tivemos até uma alucinada que confundia industrialização da construção com manufatura de tijolos de solo-cimento. Bem, me lembro do seu nomes, mas deixa prá lá!
Tem ainda outra descontinuidade em jogo: eu planejo ( projeto, estudo, quantifico, modelo, antevejo, calculo, estimo e o diabo a quatro ) no computador. O processo é limpo, 64 casas decimais de precisão, não tem chuva e lama. Tem uns atrazos mas o culpado sou eu mesmo. Se sair da prancheta e do papel branco e descer à obra já era uma experiência transcendente, sair do universo digital e ir ao canteiro é uma viagem como aquelas que o capitão Kirk e o Spok faziam. É uma teletransferência para um mundo congelado no tempo e espaço, arcaico, lento, confuso.
Outro dia li algo sobre algumas construtoras que instalam micro-radios nos equipamentos, embalagens de insumos e mesmo nos operários. Um operador acompanha e monitora tudo em seu terminal remoto. Gera estatísticas sobre os fluxos, entregas, depósitos, chegadas e saidas de operários... Plota tudo em gráficos e planeja as próximas etapas com uma precisão chapliniana.
Quero um prá mim.
Quanto ao site, ora, fica prá depois.
P.S. Só prá criar marola, porque esse Blog tá o mar dos Sargaços. Uma calmaria só.
[bjs]s
quinta-feira, dezembro 02, 2004
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